Pausa para um momento homofóbico da onde menos se esperava.
A Geminiana já havia escrito aqui sobre a felicidade de conhecer a minha futura madrasta, sobre a ótima impressão que foi causada e de como ela parecia liberal.
Porém,todavia e contudo eu fui pega de surpresa em um momento descontraido e familiar. ( Familiar virgula, meus futuros parentes)
Num raro domingo que resolvi passar em casa, aceitei almoçar com aqueles, que no futuro poderei chamar de tio , tia e prima.Não, eu não vou fazer isso.
Na verdade, os meus futuros parentes são amigos de longa danta de meu pai, o Senhor Incognita. Então foi tudo muito tranquilo. Eu já conheço todo mundo há bons anos...
Até que, em um dado momento uma amiga - homofobica, digamos de passagem - da minha futura madrasta resolveu soltar essa:
- Ih, agora a *fulana* resolveu passar pro outro lado. Tá de cabelo curtinho, parece um menininho.
Por um breve momento todos ficaram em silêncio.
- Verdade? - Minha futura tia perguntou em tom de lamentação - Não brinca?! Ela era tão bonita...
- Pois é! - A homofóbica levantou injuriada. Ela realmente estava indignada com a menina que "passou pro outro lado" - Eu não aceito essas meninas! Eu não consigo entender. Esse négocio de mulher com mulher. Meu Deus não tem nada a ver. Parece que virou moda. Deus me livre
E eu que estava no sofá , olhando , de repente senti muitas coisas. Revolta, vergonha, indignação e acima de tudo, muita vontade de falar. Porém , achei melhor não ME defender. E não defender as pessoas do "outro lado" já que meu pai estava no mesmo ambiente.
E para piorar a situção a minha futura madrasta, a que seria a primeira a saber sobre a minha situação', estava na cozinha ouvindo o breve papo, e participou:
- Pois é! Parece que virou moda, essa coisa de menina com menina. Um absurdo. Tambem não acho possivel que duas mulheres sintam ...
E então a minha futura tia a cortou:
- Mas acontece que tudo isso pode ser explicado...
E então não sei como, a minha madrasta apareceu com a canjica e cortou o assunto bruscamente.
Foi tudo muito rápido, foi tão rápido que por pouco quase não peguei a conversa. Porém a duvida surgiu de imediato. Eu deveria levar em consideração o apoio da minha madrasta ao fato de não aceitar lésbicas ou apenas concluir que ela concordou pra não discordar? Já que ela mesma cortou o assunto muito rápido.
De qualquer forma, outro fato me chamou a atenção. Meu pai observou a conversa e não falou nada. Se fossem outros tempos, podem ter certeza, ele teria se metido na conversa e concordado com a amiga da madrasta.... Interessante não?
Beijos, Ariana